sexta-feira, 9 de março de 2012

2º Capítulo - Só mais um pequeno momento de garganta queimando.

As pessoas se esquecem das coisas, das promessas... elas se lembram de coisas do passado quando o vazio grita dentro de si.

Pequenos passos eu dei desde então, grandes caminhadas eu observei os outros atravessarem, as lágrimas de alguém que está machucado não modifica o todo, observar os outros te ultrapassarem na sua corrida de vida é a forma mais desmotivadora de existir.

Parou no acostamento, sentou e sentiu a testa gotejar de suor, aquela manhã tudo parecia uma tempestade... era apenas as nuvens que se juntavam para cair os trovões sobre minha vida.

Não havia mais cidade pacata, mal ficava naquela rua silenciosa e fútil, mal via as pessoas que no passado me preencheram, mal via as coisas que antigamente eram o que me restavam daquela vida consolada que eu tinha.

Os dias passam e as noite ficam mais curtas, só para te lembrar que amanhã tudo será pior... tudo terá mais tristeza, mas desespero... para sua mente que nunca relaxa nem nos sonhos que se tornam aterrorizadores.

Engraçado como você tenta apagar muitas coisas da sua cabeça, você se marca no meio do lixo e tenta pelo menos tirar a sua alma do saco preto, sabe aquele pulso... não é mais tão limpo, aqueles olhos não tão sorridentes como de uma criança interior, aquela boca, não tão amigável quando a gentileza se retribuía de forma simples. Seus dedos ... ai seus dedos... tão imundos, o tempo passou e o ventilador se sujou, se sujou com a poeira e ninguém veio o limpar.

Quando eu era pequena eu acreditava que um dia tudo iria ser de uma forma incrivelmente perfeita, não me importava muito em pensar como isso iria acontecer, mas eu acreditava que seria... eu acreditava que meus pais eram felizes, que a senhora vizinha nunca tivera motivos para chorar.. que as decepções, ai meu Deus não sabia nem dessa palavra... achava que as decepções nunca me alcançariam, na verdade que elas nunca chegariam a me ferir, mas o pior foi se decepcionar consigo mesma. Dizem que eu me cobro muito... vou dizer porque me cobro muito, simplesmente eu criei expectativas.. aplicar a perfeição, que merda de perfeição.. eu fui crescendo procurando ela, procurando o equilibrio, tinha medo de fazer a balança despencar e um dia .. um dia .. eu vi que ninguém se importava com essa merda de equilibrio, no final tudo acaba em choro mesmo.

Eu olhei pela janela ... aqui do prédio, oitavo andar uma coisa bem suicida... mas não fiz nada demais além de chorar... sabe essa janela me fez lembrar uma coisa a mais, quando meu pai foi embora, ou melhor, quando minha mãe o fez ir embora.. tadinha não foi culpa dela, não posso a culpar assim. Ele pegou sua maleta com roupas e saiu. Não estava em casa, mas e se estivesse? Olhando pela janela e gritando, pai volta.. pai... volta.. e ve-lo virar a esquina. Devem se perguntar porque estou lembrando disso, vejo que o tempo não me deixou viver, mesmo que eu buscasse aproveitar aqueles momentos que se eternizaram na minha vida, ele arrancou muito mais de mim.

Eu amo você. Eu amo muito, de uma forma que não imagino ficar sem te ver... só de ouvir sua voz, só de saber que está pensando em mim, eu amo você... simplesmente e complexamente eu amo tanto que sinto que meu coração estraçalhado cada vez que tentei te afastar de mim... ai .. como eu amo você... dói de pensar.
Ela disse NÃO, talvez você nunca entenda, mas pelo menos se lembre que eu amo muito você.

Disseram uma vez pra mim, o fogo não continua queimando quando a chuva chega, olhe para a fogueira que ficou no chão, aquelas marcas pretas, negras te decretando que tudo findou... uma vez eu vi.. uma vez eu vivi, outra eu imaginei, ei não tem quem resolve esse meu quebra-cabeça, já não escrevo para ser entendida, mas apenas porque meus dedos sentiram vontade de falar essas palavras soltas.. corre contra o vento para busca-las novamente, a razão de meu coração continuar batendo.